MÃE ENCARCERADA

— Presa? Como presa? Levou-se em conta, MM. Juiz, Quando foi decretada sua preventiva As condições desta mulher Prestes a dar à luz na prisão? Sim, está indefesa, Encarcerada, se perguntando: ‘O que fiz?’ O que fez? Comprou droga Porção mínima, uma colher, Para atender ordem e ameaça Do amante drogado, cruel. — Ou compra ou te espanco, te mato! É crime, Meritíssimo, é tráfico? Quem sabe... na letra fria da lei. Mas considere, agora, Senhor, A sina dessa futura mãe E decida com sentimento, com o coração, Se é Ré ou vítima: Primeiro, é mulher, numa sociedade machista; Segundo, é pobre e só pode ter a sepultura por quarto; Terceiro, é prostituta de ninguém amada (apesar de que por Jesus o foi...); Quarto, saúde não tem – cadáver em vida; Por derradeiro, está grávida com iminente parto... Doutor, se mais não for, Trará à luz rebento com sorte duvidosa, Mas que poderá – com sua ajuda – Ser uma espera...